Linguagem Matemática e a Língua Materna
A
relação entre a matemática e a língua portuguesa é considerada por muitos uma
relação de extrema importância, pois abre um leque de oportunidades de se
trabalhar com as situações-problemas que depende tanto a capacidade matemática
de raciocinar e a interpretação e contextualização da língua materna.
A
base matemática do ensino praticado hoje em dia traduz-se na busca do
entendimento do abstrato e na procura da interpretação e utilização correta da
matemática no dia-a-dia.
A
Influência da Língua Materna em Matemática
Entende-se
por língua materna aquela que aprendemos quando criança que, no caso do Brasil,
é o português. Porém, esta não é a única linguagem que procuramos dominar ao
longo da vida. Neste sentido, podemos afirmar que o processo de alfabetização
não está limitado á língua materna, podendo ser estendido , à
linguagem musical, a linguagem dos sinais (LIBRAS), a linguagem computacional e
a linguagem
matemática,
entre outras.
A
relação entre a língua materna e a matemática é definida através da função que
cada um exerce em nosso cotidiano. A língua materna se forma com a necessidade
de expressão e comunicação do pensamento.
A
Relação das Dificuldades da Linguagem, Leitura e Escrita com as
Dificuldades
em Matemática
Estas
incluem habilidades linguísticas (compreensão e o emprego da nomenclatura
matemática, a compreensão ou denominação de operações matemáticas e a
codificação de problemas representados com símbolos matemáticos), habilidades
perceptivas (como o reconhecimento ou a leitura de símbolos numéricos ou sinais
aritméticos, e o agrupamento de objetos em conjuntos), habilidades de atenção
(como que transportamos e que devemos acrescentar a cada passo, e observar os
sinais das operações) e as habilidades matemáticas (como o seguimento das
sequências de cada passo nas operações matemáticas, contar objetos e aprender
as tabuadas de multiplicar). (GARCIA, 1998, p.211)
A Produção, Interpretação e Resolução de
Problemas nos Textos Matemáticos
O
estudo de conceitos matemáticos adaptados em textos na educação básica pode
contribuir significativamente no processo de aprendizagem e na facilidade de
construir situações-problema no ensino fundamental e médio. A resolução de
problemas é um fator que requer a interação da interpretação de textos, a
contextualização com os conceitos matemáticos.
Dificuldades
diagnosticadas:
1.
Dificuldade de leitura que o aluno demonstra;
2.
A falta de generalização nos conceitos matemáticos.
Uma
questão importante na formação de opinião dos alunos que é a memorização e o
conhecimento adquirido, o primeiro forma o conhecimento de maneira mecanizada,
enquanto o segundo ajuda o aluno a refletir, questionar, indagar, duvidar,
levantar hipóteses, imaginar soluções, organizar ideias e pesquisar. Isto faz
com que o aluno perceba a importância dos estudos e suas aplicações no
dia-a-dia.
Tópicos
importantes quanto ao ensino/ aprendizagem:
1.
Cobrança de informações;
2.
Avaliação mal feita;
3.
Informação Veiculada;
4.
Pressão verbal: linguagem e escrita;
5.
Discriminação de problemas típicos;
6.
O conhecimento de fórmulas nunca é suficiente para se chegar a um resultado
satisfatório.
Todo
projeto educacional que não considera o ambiente cultural em que vivem os
alunos é. por definição, alienante. O ensino da Matemática não será menos
alienante que o ensino de qualquer outra matéria, se não considerar o contexto
cultural dos alunos.
No
Brasil, podemos constatar a existência de realidades culturais as mais
contrastantes. Primeiramente, existem grupos indígenas, com línguas e
representações matemáticas próprias e, frequentemente, desconhecidas.
A
pesquisa etnomatemática é indispensável para que o ensino possa considerar os
conhecimentos dos alunos nesse caso. Em segundo lugar, as diferenças de
classes, caracterizadas por diferentes costumes e formas de educação informal,
resultam em que alguns adquiram fora da escola um "capital cultural"
valorizado pela escola, como significativo para a aprendizagem da Matemática,
enquanto outros dispõem de conhecimentos não-reconhecidos como importantes para
a aprendizagem escolar.Antropologia e Educação Matemática
Questões Psicológicas
Duas
questões amplas vêm sendo investigadas no âmbito da psicologia com relação à
Educação Matemática. A primeira refere-se aos subsídios da psicologia para a
compreensão do processo educativo. Nesse sentido, a contribuição da psicologia
tem sido a de explicar a natureza dos conceitos matemáticos, sua organização e
seu desenvolvimento. A contribuição de Piaget na análise dos invariantes
necessários à compreensão dos mais variados conceitos matemáticos, influenciou
a pesquisa nesse campo, sugerindo investigações relativas à melhor época em que
ensinar o conceito na escola e a importância da participação ativa dos alunos
na resolução de problemas, a fim de que eles venham a compreender os
invariantes dos conceitos.
A
segunda questão, proposta pela psicologia frente à Educação Matemática,
refere-se às consequências da aprendizagem da Matemática. O ensino da
Matemática, como o ensino do Latim ou da Gramática, já foi. em certas ocasiões,
justificado em termos de sua consequência ampla para o raciocínio dos alunos.
No entanto, apenas recentemente, as consequências da aprendizagem da Matemática
têm sido investigadas de maneira sistemática. Essas análises têm mostrado ser a
questão muito mais complexa do que se imaginou anteriormente. Por um lado.
Diversos estudos com populações pouco escolarizadas (como mestres-de-obras.
marceneiros,
pequenos agricultores, feirantes. pescadores, etc.) mostram que é possível
documentar de modo claro a compreensão de inúmeros invariantes ligados a
conceitos matemáticos relativamente complexos, em pessoas que não frequentaram
a escola por tempo suficiente para terem recebido instrução nesses conceitos.
Por outro lado sua representação do conceito tende a divergir daquela
transmitida na escola e a refletir as limitações específicas do modo de
representação utilizado.
O Novo Papel do Professor
Se
considerarmos o significado da Educação Matemática no mundo atual e a criação e
o desenvolvimento de uma nova disciplina, a Educação Matemática, devemos
concluir que o professor não pode mais reproduzir os modelos educacionais que
ele próprio vivenciou enquanto aluno. Mudaram o mundo, os objetivos e a
concepção de ensino, portanto, precisa mudar também o professor. As
considerações psicológicas sugerem que o professor tem o papel de levar o aluno
a reconstruir modelos matemáticos que ele compreenda em outras situações,
representá-los de maneira a poder utilizar os mais poderosos sistemas
simbólicos da Matemática, como instrumento de pensamento, utilizá-los em uma
variedade de situações que lhe deem significado.
Finalmente,
o professor de Matemática precisa também comprometer-se com o ensino crítico da
Matemática. A Matemática cria realidades para o indivíduo como, por exemplo,
através da escolha social de modelos que determinam o preço de serviços
essenciais (como eletricidade) e os índices de inflação. A análise desses
modelos que criam realidades é essencial à formação crítica do aluno.
“As
pessoas crescidas adoram os números.
Quando
você lhes fala de um novo amigo, elas nunca
perguntam o
essencial: ‘Qual é o som de sua voz?
Quais
são seus
brinquedos preferidos? Ele coleciona borboletas?’
Elas
sempre perguntam: ‘Qual é sua idade?
Quantos
irmãos
ele tem?
Quanto
ele pesa?
Quanto
ganha seu pai?’ Somente
então elas
acreditam tê-lo conhecido.
Se
você diz às pessoas crescidas: ‘Eu vi uma bela casa de
tijolos cor-de-rosa,
com gerânios nas janelas e pombos no
telhado...’
elas não conseguem nem imaginar essa casa.
É necessário dizer-lhes
– ‘eu vi uma casa de cem mil francos.’
Então
elas exclamam – ‘Como é bonita!’”
(Antoine de Saint-Exupéry, em O pequeno Príncipe)